Quem nunca disse “adeus” que atire a
primeira pedra.
Adeus que em seu sentido literal expressa “despedida”,
adverbio que significa “fica com Deus”, ou “vá com Deus”.
Adverbio
este muitas vezes verbalizado com vozes embargadas,
lágrimas contidas,
abraços acalorados com sentimentos
que mesclam saudades antecipadas,
fé
em uma volta incerta e o discurso de uma vida que salta
dos olhos
esperançosos explicitando o que as palavras não foram capazes de dizer.
Particularmente
acredito que dizer adeus para quem vai é bem mais
difícil do que dizer
para quem fica. Afinal, quem fica, permanece com
o sentimento de perda,
se agarrando as esperanças de um reencontro.
Quem fica tem a tarefa de
adaptar a rotina à ausência de quem partiu.
Substituir uma conversa, um
conselho, um abraço, uma briga,
uma companhia em silêncio por outras
atividades que
também complementem sua existência. Muitas vezes
aprender
que a solidão também é uma companhia que pode trazer benefícios.
Para quem parte, fica a tarefa da
adaptação.
De encontrar boas conversas, analisar os abraços,
filtrar os
novos sorrisos, abrir a mente para
as novas oportunidades. Criar uma
rotina
que demonstre que o tempo passou,
mas a sua essência ainda está
ali. Que ela não muda,
e sim se aperfeiçoa, amadurece e cobra novas
atitudes.
Já estive dos dois lados. Já me despedi
de pessoas
que voltaram, de outras que nunca voltaram,
de outras que
voltaram para a vida de antes mas que
não tinha mais espaço para mim. De
outras que voltaram e que eu já tinha preenchido
o vazio que deixaram.
Quando pensamos em voltar muitas vezes
não estamos
preparados para o que vamos encontrar.
Quando saímos e
retornamos a algum lugar,
o tempo que passamos fora nos faz esquecer
que
a vida teve sua sequencia para ambas as partes.
Pensamos que ao voltar
encontraremos a rotina
que deixamos ainda em ação. Nunca esperamos que
nosso lugar,
que já não é mais nosso, esteja ocupado.
Que as lágrimas de
quem ficou secaram e deram lugar
a muitos outros sentimos que não
compartilhamos mais.
Os abraços se afrouxaram, a saudade seguiu seu
curso de se perder no tempo.
Vivenciei que quem se despede de alguma
forma parte para algum lugar.
Partir para uma nova vida, para novos
objetivos, novos trabalhos, novas pessoas,
novos sentimentos. Partir é
seguir em frente mesmo não saindo do lugar.
Seguir em frente mesmo não
mudando a rotina.
Seguir em frente mesmo que o caminho esteja distorcido
pelas incertezas,
ou pelos olhos marejados. Seguir em frente
pelo
simples fato de seguir em frente,
pois ficando aqui ou buscando o lá
longe, você sempre
acaba encontrando você mesmo. Esse você que te
espera,
que te ensina, que te mostra às verdades, que conta as mentiras,
que te derruba, que te impulsiona para continuar seguindo em frente.
By Luciano Daniel
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