Respostas de um Pai Ausente

Ele só queria saber quem era seu pai.
Queria ter uma identidade, achava que isso mudaria sua vida.
Tinha esse direito!
Seu genitor evaporou, sumiu, desistiu!
Era um menino e desejava saber com quem se parecia...
Já que era tão diferente da sua mãe.
Ficava horas à pensar se a forma que sentava, falava, a mania que tinha de estalar os dedos era parecido com o dele.
Ele queria respostas, queria ser igual aos seus amigos.
Queria compartilhar a festa do dia dos pais na escola.
Sonhava que a verdade surgisse de uma forma que acalmasse seu coração, mas que verdade!?
Sonhava em abraçar seu pai e perguntar o porquê da sua ausência.
Almejava saber sua origem, e sentia-se roubado...
Sentia-se morrendo...
A vida negou a oportunidade
O homem negou seu filho

Negou um abraço,
Um afago,
Negou o almoço de domingo.
Negou ver seu filho crescer, ir à escola...
Nem se quer jogou bola com ele, ou trocou algumas palavras...
Ele negou ser pai, avô...
Negou brincar com seus netos...
Negou o amor.
Ele nunca soube o quanto seu filho chorou
Nem das vezes que adoeceu de saudade mesmo sem vê-lo, mesmo sem saber como era seu rosto.
Ele não imagina a falta que fez, o mal que sua ausência causou.
Ele nunca saberá da sua importância.
Se negou.
Dissipou os sonhos de uma criança, hoje, homem feito, mas carregando na sua existência essa dor...
A dor do oculto
Do obscuro
A dor muitas vezes inconsciente , que ia e voltava como uma dor de dente
Essa dor dilacerava sua alma sem dó nem piedade.
A verdade que espera poderá nunca chegar, mas seu coração é tão confiante e mesmo sem ver possibilidades, acredita que no futuro encontrará as repostas do seu pai ausente. Mas que respostas poderá ter um pai ausente?
Aquele que escolheu ir, e negou amar seu filho!?