domingo, 5 de junho de 2011

O amor acabou: Como seguir em frente?





I




Imagem divulgação /













Todas nós desejamos viver um amor, um grande amor... Desses que nos revire do avesso feito a mão de Deus tocando em nossos corações. Queremos sentir que os olhos do nosso homem nos desnuda de paixão e faz a nossa alma perder o fôlego. O amor tem o poder de fazer o brilho do sorriso de uma mulher ofuscar o sol e a sua pele exalar a melhor fragrância.

Quem já sentiu esse sentimento da vida batendo na porta da frente, sabe muito bem que ele não costuma pedir licença para entrar... Quando percebemo-lo já invadiu todos os cômodos, guardou as suas belas roupas em nossos armários, revirou os nossos livros, bagunçou os nosso CD´s e se esparramou deliciosamente em nossas camas. Sim, estamos completamente indefesas e viciadas nele.

Um dia, sem aviso prévio, ao chegarmos em casa percebemos que o perfume dele não está mais pairando no ar e a cama não está desfeita. Sem compreendermos ao certo o ocorrido, continuamos prosseguindo a nossa rotina. Afinal, ele pode retornar a qualquer momento... Os dias passam e lá estamos nós, passando o nosso melhor perfume, colorindo os lábios com nosso batom preferido e cobrindo a nossa nudez com um belo vestido. Os jantares de amor continuam a ser preparados e o melhor vinho a ser servido, mas a cadeira do outro lado da mesa insiste em ficar vazia e a insônia da solidão é a nossa única companhia.

Incrédulas continuamos a acreditar que terá volta. Abrimos a janela da sala, olhamos para o céu e percebemos que uma a uma as estrelas do céu vão se apagando, a lua se esconde e um frio gélido sopra em nosso coração... A lágrima que insiste em rolar em nossa face não permite mais nenhuma ilusão: Ele foi embora. Não há como fugir, a dor está ali, pulsando, corroendo, asfixiando e furtando a nossa vida. Dor de término de amor dói e dói muito!

Eu já senti...
Tu já sentiste...
Ele já sentiu...
Nós já sentimos...
Vós já sentis
Eles já sentiram...

Nessa dança das emoções não importa a pessoa ou o tempo em que o verbo é conjugado, não importam os motivos do fim e nem os culpados... A vida não cobra de nós essas respostas, ela apenas quer que deixemos de ser sobreviventes e voltemos a ser viventes.

As perguntas que costumamos fazer nesse fim de estrada são: Porque dói tanto? Que dor poderia ser comparada a essa? Uma fratura de fêmur, um parto normal, uma amputação? Com se livrar do sofrimento? Como se recuperar do trauma do adeus, do abandono, daquilo que deixou tamanho rombo emocional? É possível suturar as emoções? Onde se vende anestésico para a alma?

Logo após a negação do fim e as perguntas da autopiedade chegam as ilusões, a principal delas é a de que a volta dele seria o remédio para os nossos males. Nessa hora pego a contramão: Eu não acredito nisso! Se ele foi embora é porque teve os seus motivos, é porque para ele o ciclo se fechou. O fato do nosso amado simplesmente retornar poderia ser pior. Poderíamos nos submeter a pior tentação de todas: A de nos anular e querer nos transformar naquilo que ele gostaria que fôssemos para nos sentirmos “dignas” do seu amor.

Para voltarmos a ser viventes precisamos fazer, pela primeira vez em nossas vidas, a pergunta certa: Porque eu entreguei a minha alma, o meu bem mais precioso a uma outra pessoa? A missão do amor não é a de sermos aceitas por uma outra pessoa, mas a de fazer desabrochar a nossa singularidade, a melhor parte de nós mesmas. Quando amamos acreditamos que ficamos mais belas e felizes por causa da outra pessoa, o que não é verdade. Tornamo-nos melhores porque passamos a prestar mais atenção em nós mesmas e isso deveria acontecer SEMPRE... Seja na solitude ou em ótima companhia.

Eu não estou defendendo que o amor não é importante, apenas que para que ele esteja ao nosso lado precisamos ser boa companhia, em primeiro lugar, para nós mesmas. Desse modo sempre teremos a certeza que se ele compartilha da nossa vida é por puro prazer. E caso o amor bata as suas asas para algum outro lugar, apesar do vazio temporário que inevitavelmente iremos sentir, estaremos na companhia da nossa alma, da nossa essência. Ela terá condições de nos ajudar a reconhecer a mensagem que esse amor deixou em nossas vidas. Estaremos aptas a compreender no que esse afeto nos ajudou a crescer emocionalmente ao invés de ficarmos nos debatendo com o que faltou.

Diante dessa percepção continuaremos passando o nosso melhor perfume, colorindo os lábios com nosso batom preferido, cobrindo a nossa nudez com um belo vestido e saboreando os melhores vinhos, pois merecemos isso. Portadoras dessa sabedoria perceberemos que as estrelas do céu nunca mais se apagarão, pois elas nada mais são do que o reflexo da nossa luz interior. Assim, quando menos esperarmos o amor estará flertando novamente conosco, mas dessa vez nós decidiremos se iremos ou não abrir a porta da frente.


bj,

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