bj.
sexta-feira, 25 de março de 2011
*QUEM ÉS TU?*
Os anos vão desmaiando as tuas célulase tua pele vai-se encolhendo no frio da velhice.As rugas vão dobrando teu rosto, tuas mãos...dobras que formam sarcásticos sorrisos sem dentes.Os cabelos se camuflam de branco, fogem de tipara não ver o tempo que vem a cavalgar,irremediável.As pernas, antigamente ágeis, cambaleiam,como se brincassem de desviar do vento que passa.As mãos, na dança da desritmia, tremem sem emoção,num tremor incontido, num vai-e-vem sem fim.Os olhos brilhantes, assemelham-se a vidrosmolhados, parados, perdidos no rosto,cansados da corrida da visão...A voz rouca e mansa, mansa e rouca sem grito,sem vibração convincente de força e poder...Os lábios murchos como as flores sem terra e água,lábios que se abrem e fecham sem dizer o quê...As costas curvadas sob um grande fardo invisível,arqueadas, fazendo do homemum "Hércules" impotente...Eis aí a matéria gasta, eis aí a casca do ser.Lá dentro algo espera que a máquina de carne pare;depois seus irmãos a jogam numa cova fundae serve de espetáculo para batalhões de vermes.A roda-viva da vida é assim: de comedor passaa ser comida; de glutão passa a ser alimento!...E a matéria morta, fétida, putrefata,se desintegra da forma e parte para outras.Aí a roda-viva da vida volta curiosa e irônica,e de fazedor-de-fezes se transforma nas próprias.Eis aí a matéria, tão fraca e tão imponente.Pobre humanidade que preza e venera o perecívele despreza, a gargalhar, o espírito, que é eterno!"LIVRO: SORRINDO, Neimar de Barros, p.63"*Feliz aquele que consegue alcançar a velhice*
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