Por uma estrada, um dia,uma criança muito risonha e loira,nela andava
Seu coração palpitava no pequenino peito,tão cheio de bonança
Em uma das mãozinhas segurava um arco de ouro, e noutra ela trazia setas douradas
Com que costumava ferir os corações que sempre via
A boca cor de rosa, uma canção muito doce e divina balbuciava
O canto extasiava o coração. Era o Amor, que cantando,assim passava
Ele já ia em meio da jornada;porém,certa manhã de primavera,sentou-se numa pedra dessa estrada,a meditar no mal que ele fizera:
-Meu Deus! Com essa minha travessura, não pensei tanto dano assim causar.
E tendo a alma repleta de amargura, arrependido,o Amor pôs-se a chorar
Nesse instante, porém, uma donzela, que tinha as vestes verdes cor do mar, parou ali
E a sua voz tão bela procurou o menino consolar:
-Não
chores mais, meu anjo, vem comigo, eu sei o que te causa tanta dor. É
por isso que eu venho ter contigo; enxuga teus olhos, Amor!
-Eu queria saber - disse a criança - o teu nome... Afinal, como é então?
-Meu nome é lindo, chamo-me Esperança - respondeu-lhe com toda emoção -Quero
ir contigo,pela estrada afora,consolar esses pobres corações; eles
sofrem por tua causa agora e choram as perdidas ilusões
E os dois partiram com as mãos unidas, sorrindo ia a Esperança a consolar
Caminhavam assim, por avenidas, que um sol ardente vinha iluminar
Por muito tempo eles andaram, até que enfim,em uma encruzilhada,cansados,Esperança e Amor pararam
Estavam quase no término da jornada. Ali tudo era belo...bem distante,erguiam-se montanhas azuladas
Aos seus pés,a água clara e murmurante passava sob as flores perfumadas
Traído,o Amor e a Esperança,embevecidos,o céu de anil ficaram a fitar
E como ambos estavam distraídos,não sentiram alguém se aproximar:
-Aqui estou eu!- falou uma voz dolente que também traduzia a ansiedade -Meu nome é triste - disse docemente -Mas
é bem lindo,eu sou a Saudade.Os corações que tu,Amor,feriste,agora
estão cansados de chorar. Tu,Esperança,tanto os iludiste! Pra que foi
que os fizeste em vão sonhar? Ficai! Que junto aos pobres
desgraçados,saberei preencher vosso lugar.Eles hão de sorrir mais
consolados.Junto deles eu sempre hei de ficar.E há de então
repassar-lhes pela mente o passado,que outrora os fez sonhar.Quem sabe
se mais lindo e mais sorridente,porque com Saudade hão de evocar!
Assim é a vida. Amamos e sentimos a esperança afagar o coração
Porém, bem cedo nos desiludimos. Junto a nós a saudade fica então
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