quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Eu nunca aprendi a pousar. Sempre estive por aí, de braços e olhos bem abertos, cabelos ao vento e sorriso no rosto. Esperando novos lugares, novas terras. Explorando novos mundos, novas situações. Sobrevoando minhas memórias, essas terras tão vastas e repletas de recortes. Recortes de um tempo passado, memorável; recortes e recordações. Nunca aprendi a pousar sobre esses campos... Rasos campos esverdeados da minha vida; nunca aprendi a pousar nas planícies da calmaria, ou nos planaltos da euforia. Descobri vales por onde voei. Tortuosos. Secos. Molhados. Curtos e longos; vales sinuosos, vales retilíneos. Vales com frestas cada vez mais misteriosas, onde eu guardei meus bens mais valiosos para que nunca fossem achados por outra pessoa que não fosse eu. Sobrevoei pessoas para as quais minhas asas fizeram sombra. Outras tantas vezes me vi perder a direção por entre nuvens; pesadas, escuras, frias... Outras vezes, desenharam-se arco-íris nos céus que cruzei; de todas as cores, de todos os sabores. Repletos de novas verdades e com o tão sonhado pote de ouro no final de cada um. Sobrevoei meus sonhos, minhas tramas. E mesmo assim ainda não aprendi a pousar. Afinal, por que eu deveria me prender a um só momento, um só lugar, quando posso continuar por aí, voando e descobrindo novas histórias para contar?

Um comentário:

  1. "A vida é um acontecimento que merece ser comemorado. Há cada dia, a cada instante, ela se renova generosa nos pequenos espaços.... Pe. Fábio de Melo

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