segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

De repente você pensa sobre todas as coisas que passaram pela sua vida: todas as conquistas, vitórias... Todos os amores e as paixões mais avassaladoras que incendiaram suas noites - de sono ou de insônia. Lembra que de todas as pessoas que passaram por você, poucas lembrariam do que você passou ao lado delas; talvez poucos que hoje você encontra na rua consigam lembrar seu nome ou o que você fez de grandioso na escola durante a infância. Você olha ao redor e poucas pessoas realmente memoráveis sobraram para contar uma história ao seu lado. As paixões foram embora e os colegas não mais ficaram - cada um seguiu seu rumo. Restou um álbum de recordações e um coração cheio de memórias. Talvez você olhe mais atentamente e consiga observar que alguns personagens importantes restaram nos seus dias, até hoje: os amigos. Mas os amigos verdadeiros, não aqueles amigos de verão, que passam como uma brisa. Aquele amigo que te olha e entende até o mais tímido olhar. Aquele amigo que não espera o convite aparecer: ele faz o convite. O amigo que não precisou estar sempre ao seu lado para te sentir por perto - porque a distância não separa amizades verdadeiras. Aquele amigo que sabe desde a sua cor preferida até o maior medo da sua infância. O legal é saber que é na amizade que os nossos corações completam boa parte dos espaços vazios. É nela que encontramos apoio no dia mais triste e a alegria do dia mais animado. É com ela que crescemos, aprendemos e compartilhamos o que temos de mais puro: nossos medos e verdades; nossas virtudes e desafios.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Boa noite ...

sábado, 27 de dezembro de 2014

Nossos Velhos Pais heróis e mães rainhas do lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos. Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá prá implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra? Fizeram 80 anos. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso. Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas. Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida. É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege? auto de praça? Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós."---------------------* Martha Medeiros