quarta-feira, 30 de outubro de 2013

MANICURE VIVE HISTÓRIA FELIZ COM EX-MENDIGO E USUÁRIO DE CRACK

Foto: MANICURE VIVE HISTÓRIA FELIZ COM EX-MENDIGO E USUÁRIO DE CRACK

A manicure Ediana Aparecida dos Santos Legieri, 35, conheceu seu marido, o atendente do McDonald’s Augusto Cesar Legieri, 29, em 2006 em Jundiaí (a 60 km de SP) quando ele pedia comida na casa vizinha. Augusto era morador de rua, viciado em crack. Ediana enfrentou família, amigos e vizinhos para viver esse amor. Os dois têm um filho, de quatro anos.

ELA

Foi numa manhã de outubro. Passava pouco das sete da manhã quando escutei palmas na frente de casa.
Ao abrir a porta, vi um morador de rua na casa vizinha. Não era comigo, mas perguntei se precisava de ajuda.
Ele me pediu comida e R$ 2 para o crack.
Havia tanta sujeira naquele homem que era possível raspá-la com uma colher. Seu corpo, cheio de manchas, exalava um cheiro insuportável.
De tanta magreza, usava uma calça toda torta com um nó no canto da cintura.
Não dei o dinheiro, mas dei atenção a ele. Conversamos muito. Percebi que ele tentava esconder de mim as unhas sujas dos pés. Ainda lhe restava algo de amor próprio.
Ele voltou nos dias seguintes para conversarmos. Viramos amigos. No quarto dia, deixei que tomasse um banho quente na minha casa. “Você deixa?”, espantou-se.
Cortei suas unhas. Foram as primeiras unhas que fiz na vida. Hoje sou manicure. Dei algumas roupas a ele.
Eram momentos difíceis para mim também. Eu tinha ficado desempregada por um tempo, acumulei dívidas e sofria uma ação de despejo. Morava comigo uma irmã (desempregada e grávida) e a filha dela, de seis anos.
No dia do banho, por exemplo, havia apenas um ovo na geladeira. Dei comida a ele, mas deixei minha família sem nada até o outro dia.
Ninguém aprovou minha amizade. Meus vizinhos pararam de me cumprimentar. Na igreja, tiraram meu lugar de destaque como cantora.
Isso piorou quando, quatro meses depois, começamos a namorar. Ele continuava com os moradores de rua.
No sexto mês, decidimos morar juntos. Era meu segundo namorado.
Minha família ficou desesperada. Chamaram minha mãe em Minas Gerais para que desse um jeito na situação, porque a “filha estava andando com um indigente”.

ELE

Comecei a usar drogas aos 15 anos. Amizades. Do álcool pulei para maconha, depois para cocaína e ainda aos 16 abracei o crack.
Sou filho único. Meus pais tentaram me ajudar, da maneira deles, mas eu não queria ajuda. Queria curtir, ser feliz, estar com meus amigos e, nesse pacote, estavam também as drogas.
Logo perdi o controle de dizer não a elas.
Ainda tinha 16 quando meu pai morreu. Foram me procurar para avisar.
Foi triste. Resolvi aceitar internações para tratamento.
Passei por quatro delas e, aos 19 anos, consegui ficar limpo por oito meses.
Comecei a trabalhar como modelo. Fiz desfiles, festas de debutantes, programas de auditório e figuração em uma novela na TV Globo. Tudo ia bem, mas tive uma recaída.
Tinha 21 anos quando minha mãe morreu. Ela chegou a ficar dez dias internada no hospital, mas nunca a visitei.
Em seu últimos dias, foi mandada para casa. Dois enfermeiros se revezavam para cuidar dela. Seu único filho era incapaz disso. Ficava no quarto, fumando crack.
Com a morte de meus pais herdei R$ 300 mil. A economia de uma vida toda.
Consegui acabar com tudo em poucos meses. Fumava dia e noite. Não faltavam ajudantes. Esbanjei.
Percebi que o dinheiro tinha acabado no dia em que procurei comida e só encontrei arroz. Comi arroz com um punhado de sal.
Um dia deixei a casa aberta cheia de mendigos e fui embora para o bairro onde minha família morava antes, no Jardim Pacaembu.
Andava pelas ruas pedindo. Tinha parado de tomar banho, parado de cortar a barba e os cabelos. As drogas já não me deixavam mais feliz. Numa noite de intensa tristeza olhei para o céu e pedi ajuda a Deus.
Foi dias depois, numa manhã de outubro, que vi um anjo. Estava de bermuda e camiseta brancas na porta da casa quando me perguntou: “Precisa de ajuda?”
A imagem desse anjo não me abandonou mais. Passei a visitá-la todos os dias em sua casa na av. Sóror Maria da Providência. Providência.

ELA

Minha mãe, ao contrário do que todos pensavam, nos apoiou. Até nos ajudou a limpar a casa onde moramos hoje. A mesma casa abandonada para os mendigos.
Foi mais um ano de lutas até que ele conseguisse livrar-se das drogas. Tive de procurá-lo muitas vezes pela cidade e até em favelas. Conseguiu graças à igreja e a uma nova internação clínica.
Faz sete anos desde aquela manhã de outubro. Nos casamos em 4 de dezembro de 2010. Temos nosso filho, Samuel, que tem quatro anos.
Minha irmã e três sobrinhos moram com a gente. Além de um amigo que não tinha para onde ir.
Ainda temos algumas dificuldades, como toda família tem as suas de alguma forma, mas nos sentimos grandes vitoriosos. Vencemos graças a Deus e ao nosso amor.

Com informações de Folha Cotidiano

[via Meninas de Fé]
A manicure Ediana Aparecida dos Santos Legieri, 35, conheceu seu marido, o atendente do McDonald’s Augusto Cesar Legieri, 29, em 2006 em Jundiaí (a 60 km de SP) quando ele pedia comida na casa vizinha. Augusto era morador de rua, viciado em crack. Ediana enfrentou família, amigos e vizinhos para viver esse amor. Os dois têm um filho, de quatro anos.

ELA

Foi numa manhã de outubro. Passava pouco das sete da manhã quando escutei palmas na frente de casa.
Ao abrir a porta, vi um morador de rua na casa vizinha. Não era comigo, mas perguntei se precisava de ajuda.
Ele me pediu comida e R$ 2 para o crack.
Havia tanta sujeira naquele homem que era possível raspá-la com uma colher. Seu corpo, cheio de manchas, exalava um cheiro insuportável.
De tanta magreza, usava uma calça toda torta com um nó no canto da cintura.
Não dei o dinheiro, mas dei atenção a ele. Conversamos muito. Percebi que ele tentava esconder de mim as unhas sujas dos pés. Ainda lhe restava algo de amor próprio.
Ele voltou nos dias seguintes para conversarmos. Viramos amigos. No quarto dia, deixei que tomasse um banho quente na minha casa. “Você deixa?”, espantou-se.
Cortei suas unhas. Foram as primeiras unhas que fiz na vida. Hoje sou manicure. Dei algumas roupas a ele.
Eram momentos difíceis para mim também. Eu tinha ficado desempregada por um tempo, acumulei dívidas e sofria uma ação de despejo. Morava comigo uma irmã (desempregada e grávida) e a filha dela, de seis anos.
No dia do banho, por exemplo, havia apenas um ovo na geladeira. Dei comida a ele, mas deixei minha família sem nada até o outro dia.
Ninguém aprovou minha amizade. Meus vizinhos pararam de me cumprimentar. Na igreja, tiraram meu lugar de destaque como cantora.
Isso piorou quando, quatro meses depois, começamos a namorar. Ele continuava com os moradores de rua.
No sexto mês, decidimos morar juntos. Era meu segundo namorado.
Minha família ficou desesperada. Chamaram minha mãe em Minas Gerais para que desse um jeito na situação, porque a “filha estava andando com um indigente”.

ELE

Comecei a usar drogas aos 15 anos. Amizades. Do álcool pulei para maconha, depois para cocaína e ainda aos 16 abracei o crack.
Sou filho único. Meus pais tentaram me ajudar, da maneira deles, mas eu não queria ajuda. Queria curtir, ser feliz, estar com meus amigos e, nesse pacote, estavam também as drogas.
Logo perdi o controle de dizer não a elas.
Ainda tinha 16 quando meu pai morreu. Foram me procurar para avisar.
Foi triste. Resolvi aceitar internações para tratamento.
Passei por quatro delas e, aos 19 anos, consegui ficar limpo por oito meses.
Comecei a trabalhar como modelo. Fiz desfiles, festas de debutantes, programas de auditório e figuração em uma novela na TV Globo. Tudo ia bem, mas tive uma recaída.
Tinha 21 anos quando minha mãe morreu. Ela chegou a ficar dez dias internada no hospital, mas nunca a visitei.
Em seu últimos dias, foi mandada para casa. Dois enfermeiros se revezavam para cuidar dela. Seu único filho era incapaz disso. Ficava no quarto, fumando crack.
Com a morte de meus pais herdei R$ 300 mil. A economia de uma vida toda.
Consegui acabar com tudo em poucos meses. Fumava dia e noite. Não faltavam ajudantes. Esbanjei.
Percebi que o dinheiro tinha acabado no dia em que procurei comida e só encontrei arroz. Comi arroz com um punhado de sal.
Um dia deixei a casa aberta cheia de mendigos e fui embora para o bairro onde minha família morava antes, no Jardim Pacaembu.
Andava pelas ruas pedindo. Tinha parado de tomar banho, parado de cortar a barba e os cabelos. As drogas já não me deixavam mais feliz. Numa noite de intensa tristeza olhei para o céu e pedi ajuda a Deus.
Foi dias depois, numa manhã de outubro, que vi um anjo. Estava de bermuda e camiseta brancas na porta da casa quando me perguntou: “Precisa de ajuda?”
A imagem desse anjo não me abandonou mais. Passei a visitá-la todos os dias em sua casa na av. Sóror Maria da Providência. Providência.

ELA

Minha mãe, ao contrário do que todos pensavam, nos apoiou. Até nos ajudou a limpar a casa onde moramos hoje. A mesma casa abandonada para os mendigos.
Foi mais um ano de lutas até que ele conseguisse livrar-se das drogas. Tive de procurá-lo muitas vezes pela cidade e até em favelas. Conseguiu graças à igreja e a uma nova internação clínica.
Faz sete anos desde aquela manhã de outubro. Nos casamos em 4 de dezembro de 2010. Temos nosso filho, Samuel, que tem quatro anos.
Minha irmã e três sobrinhos moram com a gente. Além de um amigo que não tinha para onde ir.
Ainda temos algumas dificuldades, como toda família tem as suas de alguma forma, mas nos sentimos grandes vitoriosos. Vencemos graças a Deus e ao nosso amor.

Com informações de Folha Cotidiano


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