quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Anjos eficientes



Um belo dia um grupo de anjos-crianças dirigiu-se a Deus. Estavam preocupados com o mundo e seus habitantes. Deus explicou a eles que havia dado ao homem livre arbítrio e que, portanto, ele era responsável por seus atos e por levar o mundo por caminhos não tão promissores. Preocupados, os anjos fizeram uma proposta a Deus. Como se sabe, Ele ama a todos os seus filhos e mais especialmente as crianças.
O primeiro anjo disse: “Senhor, os homens na Terra estão precisando ver melhor as coisas. Não conseguem vislumbrar que toda causa gera uma conseqüência. Vou dar a eles, Senhor, a minha visão para que possam enxergar a necessidade de cuidar uns dos outros e do planeta”, disse.
“Estão assim porque não dialogam mais”, afirmou o segundo anjo. “Falam de si, mas são incapazes de ouvir o outro. Pensam no individual e esquecem que ninguém vive só. Pois dou a eles, Senhor, a minha audição. Que com ela os homens escutem o próximo e as vozes da natureza com o coração”.
“Deixa eu lhes ajudar, irmãozinhos, doando aos homens a minha fala. Quem sabe possam conversar mais e superar as dificuldades entre os diferentes. Quero que conversem e se entendam. Permita, Pai, que eu lhes doe a linguagem perfeita que sai de minha boca”..
Um quarto anjo voou para perto e disse: “Além de não ver, não ouvir e não dialogar, os homens estão se arriscando em caminhos tortuosos. Suas pernas os levam por duvidosas trilhas nas bifurcações da vida, muito desgastada pelo corre-corre desenfreado. Consintais, Deus, que eu lhes ofereça as minhas pernas, para que com pernas novas os seus passos possam caminhar por caminhos mais primaveris”.
“Os pobres homens estão com a sensibilidade exposta”, interveio um anjo que acompanhava atento a conversa. “Posso entregar-lhes minhas fibras para que reforcem seu sistema nervoso, protegendo-se assim dos males de seu desequilíbrio. Isso, claro, se o Senhor me facultar fazê-lo”. Deus a tudo ouvia.
Um sexto anjo pronunciou: “Não poderia me furtar a ajudar a melhorar o mundo. Quero entender os homens. Deixe-me, Pai Grandioso, buscar na Terra um cromossomo para ver se melhor compreendo no DNA da humanidade o porquê de tanta guerra, de tanta discórdia”.
O sétimo falou: “Eu também quero ajudar. Preocupa-me o uso descuidado do cérebro humano. O homem já não raciocina direito. Como minha parte, Senhor, quero lhes doar a capacidade dinâmica de meu cérebro. Quem sabe assim as pessoas ajam mais fraternalmente”.
E assim foi: uma multidão de anjos-crianças juntou-se em volta de Deus, cada um com sua oferta, que de tão generosa e altruísta foi prontamente aceita por Ele.
Para quem não sabe, os anjos-crianças vêm ao mundo em forma de bebês. Dos que fizeram a proposta a Deus, o primeiro nasceu cego. O segundo, surdo. O terceiro, disléxico. O quarto, com pernas mais curtas. O quinto, com esclerose múltipla. O sexto, com síndrome de Down. O sétimo, com paralisia cerebral. O oitavo e nono, que não aparecem na história, com autismo e com síndrome de Williams, respectivamente.
Assim, cada criança que nasce com o que os humanos chamam de deficiência é a mais pura manifestação da doação dos anjos por um mundo melhor. Na sua sabedoria, Deus concedeu aos pequenos uma benção em troca de sua entrega: determinou que esses anjos nascessem em famílias especiais. Essas famílias sabem, cada uma delas, do que estou falando. Deus sempre dá um jeito de lhes contar a história de seus anjos eficientes.

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